quinta-feira, 16 de agosto de 2012

EDUCAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL

Especialistas atribuem baixo desempenho do ensino à família, escola e governo

Avaliação da educação no Rio Grande do Sul ficou abaixo da meta no Ideb

O desempenho do ensino do Rio Grande do Sul, exposto pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), se deve a um conjunto de fatores onde cada envolvido tem uma parcela de responsabilidade, de acordo com especialistas. Desde a família do aluno até autoridades políticas, passando pela gestão da escola e o comprometimento dos professores. A avaliação da educação no Estado ficou abaixo da meta do Ministério da Educação (MEC). “É hora de arregaçar as mangas. Penso que é preciso articular ações de superação que envolvam políticas públicas, gestão escolar, família e aluno para melhorar a qualidade do ensino no Estado”, sintetiza a professora da faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Helena Côrtes.

Para a docente, não há clima para o aprendizado. “Temos convivido ao longo dos últimos anos com diversos governos estaduais que não priorizaram as questões educacionais como deviam. Há professores desmotivados, escolas sucateadas e alunos que não são atraídos para a sala de aula. É preciso se debruçar sobre esses dados e refletir: por que Santa Catarina e Minas Gerais conseguiram avançar, alcançar a meta ou até superar o Ideb? O que eles fizeram e nós não fizemos?”, questiona Helena Côrtes.

A polêmica que envolve professores da rede pública e governo é a discussão em torno do pagamento do piso nacional. Mas as dificuldades no ensino gaúcho não são problemas exclusivos das escolas públicas. “Eu não ousaria falar em má qualidade de A ou B, prefiro dizer que a educação do nosso país, de modo geral (ensino público/privado, básico/superior), carece de cuidados muito especiais que passam pelas mãos da menor célula deste grande complexo – a escola, até a maior de todas – o Estado”, opina a pró-reitora de Ensino da Universidade Feevale, Inajara Vargas Ramos.

Para reverter os números, o secretário da Educação Jose Clovis de Azevedo aposta na reforma do currículo escolar, a fim de incorporar conteúdos que trabalhem por área. No entanto, este é apenas um dos caminhos que podem melhorar o ensino, segundo a pró-reitora. “Se a reestruturação não estiver acompanhada do entendimento do por que mudar, na prática ela não se efetiva. Se os professores não acreditarem que a mudança é necessária e não apropriarem-se da ideia, de fato ela não ocorrerá”, diz a educadora.

Na opinião da especialista em alfabetização Esther Grossi, os professores estão ensinando de maneira errada: "Explicar não é ensinar, ensinar é provocar (o aluno) a fazer perguntas", diz ex-secretária municipal de Educação. Para ela, o sistema atual - em que o professor apresenta o conteúdo e aplica avaliações - não favorece o pensamento. “Por isso também é importante a participação dos pais, como disseminadores de conhecimento e cultura, para despertar o interesse dos filhos no aprendizado”, esclarece.

Fonte: CPC

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