O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou nesta
segunda que o governo não tem nenhuma definição sobre um eventual aumento de
combustíveis em 2013. "O que eu disse é que não haveria aumento em função da
variação cambial", afirmou, referindo-se a uma entrevista concedida ao jornal
Folha de S. Paulo. "Se vai ter algum outro tipo de aumento, eu não sei, não tem
definição nenhuma", apontou. Mantega participou de um almoço, em São Paulo,
realizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).
Mantega afirmou
também que o governo tem grande "munição" para lidar com os movimentos de
desvalorização do câmbio e admitiu que, caso seja oportuno, poderá vender
dólares à vista. "Podemos dar liquidez para o spot, se for necessário", afirmou.
De acordo com ele, o Banco Central (BC) pode "colocar até mais de US$ 60
bilhões" em swaps cambiais e leilões de linha, medida anunciada pela instituição
financeira na semana passada. "Não há limite para isso", destacou, ressaltando
que tais ações não representam perda de reservas cambiais.
"O Brasil tem
muita munição para enfrentar situação cambial", apontou. "O Banco Central está
entusiasmado em não deixar que haja oscilação excessiva do câmbio", disse.
Segundo Mantega, a administração federal conta com um montante de US$ 370
bilhões de reservas, que é robusto para lidar com eventuais volatilidades
adicionais do mercado.
Ainda conforme o ministro da Fazenda, "nenhum
ministro sabe" quando o patamar do câmbio se estabilizará, pois é uma questão
que está muito mais vinculada com a definição sobre a trajetória do fim da
política de afrouxamento quantitativo do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados
Unidos). Na análise de Mantega, não é uma questão trivial, pois "nem os
diretores" do Fed "estão se entendendo" sobre a trajetória da política monetária
nos EUA para o curto prazo.
Expectativas
Mantega disse que
as expectativas em relação à economia do Brasil são inferiores à realidade. O
ministro da Fazenda reconheceu que houve uma piora nas expectativas, bem como no
nível de confiança de consumidores e empresários, mas refutou a tese de que a
volatilidade do câmbio esteja ligada a esses fatores.
"Não acredito que o
movimento do câmbio esteja ligado às expectativas porque os investidores são
muito objetivos", disse. O investidor, na avaliação de Mantega, não diz: "Olha,
hoje o mercado acordou com mau humor". Na opinião do ministro, o investidor olha
para dados objetivos. Prova disso, para Mantega, é que nos últimos meses as
aplicações em renda fixa e o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED)
no País foram recordes. "Nos últimos meses, o investimento em renda fixa e na
Bolsa foram recordes e em Investimento Estrangeiro Direto, também", reforçou.
Isso, de acordo com ele, é confiança, o que levará a uma melhora das
expectativas.
Inflação
Mantega ressaltou também que a
"inflação está sob controle" e que "a dona de casa pode ficar tranquila", pois o
Poder Executivo não deixará que os preços subam. "Estamos vigiando a inflação e
ela não será obstáculo para a nossa trajetória de crescimento", afirmou. "O
impacto do câmbio na inflação ainda é pequeno. Mas vamos seguir observando",
destacou.
"Não sei se o câmbio terá ou não impacto na Selic. Só o Banco
Central pode responder", disse, depois de ter sido perguntado se a
desvalorização do real ante o dólar influenciará os passos das decisões do
Comitê de Política Monetária (Copom), que terá a reunião de agosto concluída
nesta quarta-feira, 28.
Para combater a inflação, o ministro destacou
que o Executivo tem um amplo leque de medidas que podem ser adotadas. Por
hipótese, Mantega citou redução de tarifas de importação e desonerações de
setores produtivos a fim anular eventuais aumentos de custos com o
fortalecimento do dólar ante o real.ante o real.
Fonte: cp
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