terça-feira, 26 de junho de 2012

ECONOMIA

Inadimplência em financiamentos para a compra de veículos bate novo recorde


Taxa de atrasos superiores a 90 dias chegou a 13,9%


A inadimplência nos financiamentos para a compra de veículos voltou a registrar recorde em maio deste ano, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados nesta terça-feira. No mês passado, essa taxa (que considera atrasos superiores a 90 dias) chegou a 13,9%, aumento de 0,4 ponto percentual em relação a abril, que também tinha registrado recorde. Essa taxa de inadimplência vem subindo desde 2011.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, voltou a dizer que a inadimplência é influenciada pela “safra” de operações, a partir do segundo semestre de 2010 até julho de 2011, quando houve crescimento “expressivo” dessa modalidade de crédito. Mas, a partir de meados do ano passado, as instituições financeiras passaram a ser mais cautelosas na concessão de crédito para a compra de veículos. “A inadimplência não repercute operações mais recentes. Repercute a carteira. Esse patamar elevado está associado a safras de 2010 e do início de 2011”, disse.

Maciel acrescentou que os estímulos do governo ao setor de vendas de veículos “não implica perda da qualidade da carteira de crédito” e não irá levar a aumentos futuros de inadimplência. “Houve processo de aprendizagem. Os bancos se tornaram mais seletivos, mais criteriosos na concessão de crédito”, acrescentou.

No dia 21 de maio, o governo anunciou redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para incentivar a indústria automobilística, que enfrentava redução nas vendas.

Para Maciel, a inadimplência no segmento de veículos é a principal responsável pelo crescimento da taxa geral. Mas expectativa dele é que haja “acomodação” da inadimplência nos próximos meses e redução ao final do ano. De acordo com o BC, a inadimplência de pessoas físicas atingiu 8% em maio, o maior percentual desde o mesmo mês de 2009, quando ficou em 8,5%.

De acordo com os dados do BC, a média diária das concessões de crédito para a compra de veículos cresceu 2,8% em maio (R$ 347 milhões, por dia), em relação a abril. Segundo Maciel, neste mês, as medidas de estímulo deve surtir mais efeito, com aumento maior das concessões.
fonte: cpc

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Novo presidente paraguaio descarta ir a cúpula do Mercosul
DA EFE, EM ASSUNÇÃO

Atualizado às 13h30.
O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, descartou nesta terça-feira participar da cúpula do Mercosul, que começa amanhã em Mendoza (Argentina), e afirmou que a política internacional não é sua prioridade neste momento.
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"Não podemos participar de nenhuma cúpula nessas condaições. Não me agrada, temos que garantir que o país esteja operativo. A última coisa que eu faria agora é sair do meu país", afirmou Franco durante coletiva de imprensa.
Andrés Cristaldo/Efe
Federico Franco participa de coletiva de imprensa; ele descarta ir a cúpula do Mercosul
Federico Franco participa de coletiva de imprensa; ele descarta ir a cúpula do Mercosul
Segundo ele, o desafio agora é mostrar à comunidade internacional com "atos mais do que palavras" que o "governo [do Paraguai] é absolutamente democrático, constitucional, e onde prima o Estado de Direito, onde há liberdade irrestrita".
"Não há polícia nas ruas, não há militares, tudo está normal. Não podemos neste momento nos ocuparmos com relações internacionais, primeiro devemos nos certificar de que está tudo normal".
GUERRA CIVIL
Franco afirmou ainda que sua prioridade é evitar que haja uma "guerra civil" em seu país, devido à crise gerada pela destituição de seu antecessor. "Sou responsável por garantir que não vai haver uma guerra civil", disse ele, durante uma nova reunião com jornalistas da imprensa estrangeira.
Ele acrescentou que assumiu o cargo para preencher um vácuo de poder após a queda de Fernando Lugo, e que a comunidade internacional deveria saber que seu país vive na mais "absoluta normalidade".
Franco recebeu hoje na sede da Presidência uma delegação de "brasiguaios", que manifestou apoio ao governo interino.
O jornal paraguaio ABC Color publicou em seu site que uma comitiva de brasileiros residentes no país pretende se encontrar com a presidente Dilma Rousseff, mas ainda não há confirmação oficial dessa audiência no Planalto.
Andrés Cristaldo/Efe
O presidente paraguaio Federico Franco se reuniu nesta terça com representantes dos brasiguaios em Assunção
O presidente paraguaio Federico Franco se reuniu nesta terça com representantes dos brasiguaios em Assunção
O Paraguai, após a destituição de Lugo em menos de 48 horas, foi alvo de uma ofensiva dos países vizinhos. Alguns acusaram o Congresso local de executar um "golpe", e chamaram de volta seus representantes diplomáticos.
A crise paraguaia também na pauta de pelo menos três organismos regionais nesta semana: Unasul (o bloco do países sul-americanos), Mercosul e OEA, que se reúnem nesta semana para tomar decisões sobre o episódio.
O Brasil, conforme informações de bastidores, negocia quais as possíveis sanções contra o país, que podem ir desde a expulsão de um desses órgãos até o bloqueio de financiamentos pelo BNDES.

POLÍTICA

Por 15 a 0, conselho aprova cassação de Demóstenes Torres
Segundo o relator Humberto Costa, senador de Goiás recebeu 'vantagens indevidas' de Carlinhos Cachoeira
Para que perca o mandato em definitivo, processo deve passar pela CCJ e pelo plenário, onde votação é secreta

O Conselho de Ética do Senado aprovou ontem, por unanimidade, a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) por quebra de decoro parlamentar. Os 15 membros do conselho aprovaram o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que apontou "vantagens indevidas" e "irregularidades graves" cometidas pelo ex-líder do DEM.
O pedido segue agora para votação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Em seguida, vai ao plenário, em votação secreta, onde ao menos 41 senadores precisam aprová-lo para Demóstenes perder o mandato em definitivo.
Com 79 páginas, a leitura do relatório de Costa durou três horas. Ele rebateu as versões apresentadas por Demóstenes de que desconhecia atividades ilícitas de Cachoeira. Costa disse que Demóstenes, suplente da extinta CPI dos Bingos, sabia que Cachoeira teve o indiciamento aprovado pela comissão por diversos crimes.
"É incrível que alguém com tanto conhecimento na área de informação e contrainformação simplesmente nada soubesse sobre uma pessoa que lhe era tão próxima."
Costa afirmou que Demóstenes agia como uma espécie de "despachante de luxo" de Cachoeira ao defender seus interesses no governo. E que a vida política do senador "gravita em torno dos interesses" de Cachoeira desde 1999.
O relator classificou de "fantasiosa" a versão de Demóstenes quando afirmou que "jogou verde" para Cachoeira ao avisá-lo sobre uma operação da Polícia Federal que desmontaria jogos de azar. Disse que a relação também inclui doações de "caixa dois" para campanhas.
Para Costa, há fortes indícios de que o senador recebeu R$ 20 mil de Gleyb Ferreira da Cruz, integrante da suposta organização criminosa liderada por Cachoeira.
Sobre os presentes recebidos por Demóstenes, entre eles um rádio Nextel com as contas pagas pelo empresário, Costa disse que a prática fere a ética da Casa. "É falta de decoro de um parlamentar quando aceita que um terceiro assuma o pagamento de suas faturas telefônicas e outras despesas. Ainda mais quando esse terceiro é um delinquente."
O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, discursou em nome do senador. Disse estar convicto de que o Supremo Tribunal Federal anulará as escutas que flagraram conversas do senador e pediu que o caso fosse julgado com independência. Kakay, como é conhecido, afirmou que Costa mencionou fatos inverídicos no relatório, como uma viagem que Demóstenes teria feito ao litoral do Rio de Janeiro em avião particular que pode ter sido pago por Cachoeira.

Fonte: Folha