Gâmbia institui semana de quatro dias para funcionários públicos
Atualizado em 1 de
fevereiro, 2013 - 09:46 (Brasília) 11:46 GMT
O governo de Gâmbia determinou que, a partir de agora, os
funcionários públicos do país vão trabalhar apenas quatro dias por semana e
terão folga às sextas-feiras.
A decisão foi tomada pelo presidente Yahya Jammeh, para quem a semana mais
curta dará à população, majoritariamente muçulmana, mais tempo para rezar,
socializar e trabalhar no campo.
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Críticos dizem que sua última decisão vai estimular a preguiça e prejudicar
ainda mais a pequena economia do país africano.
A atividade econômica de Gâmbia é baseada principalmente na agricultura,
especialmente na exportação de amendoins.
O país também é um destino turístico popular por causa de suas praias.
Estudo aos sábados
A maior parte da população de Gâmbia, que totaliza 1,8 milhão de pessoas, é
muçulmana.
No islamismo, a sexta-feira é um dia considerado sagrado, dedicado a
rezas.
Quintas e sextas-feiras ou sextas e sábados são considerados dias não úteis
na grande maioria do mundo islâmico, mas críticos afirmam que a prática
prejudica esses países, uma vez que a rotina não se adequa à das nações
ocidentais, onde os sábados e domingos são livres.
Por meio de um comunicado oficial, o gabinete do presidente Jammeh informou
que a partir desta sexta-feira, 1º de fevereiro, o horário de funcionamento dos
órgãos públicos será de segundas às quintas-feiras, das 8h às 18h.
"Os novos horários permitirão à população dedicar mais tempo para as rezas,
atividades sociais e agricultura - ou seja, voltar à terra e plantar o que
comemos, e comer o que plantamos, para uma nação rica e saudável."
O comunicado acrescentou que as escolas estaduais também permaneceriam
fechadas às sextas-feiras, mas ficariam livres para abrir aos sábados, para
compensar o dia perdido.
Até agora, os servidores públicos trabalhavam cinco dias por semana, das 8h
às 16h.
Negócios
Apesar de a mudança não alterar a carga de horário semanal de 40 horas, os
críticos reafirmam que a decisão é prejudicial ao país.
Eles destacam que o setor privado continuará trabalhando às sextas-feiras,
mas não poderá fechar qualquer negócio que envolva o governo naquele dia.
Em 2007, Jammeh anunciou que curou a Aids em apenas três dias com uma poção
especial de ervas secretas. Na época, a declaração do líder de Gâmbia foi
amplamente condenada por médicos em todo o mundo.
Jammeh também já foi acusado de abuso de direitos humanos. No ano passado,
nove prisoneiros condenados à pena de morte foram executados por
fuzilamento.
Dias depois, Jammeh decidiu suspender outras 37 execuções devido à pressão
internacional.
Fonte: bbc