Sono melhor pode reduzir deterioração da memória, diz estudo
Um estudo divulgado na publicação científica Nature
Neuroscience sugere que ter um bom sono pode reduzir a deterioração da
nossa memória à medida que envelhecemos.
Até antes da pesquisa, os cientistas já sabiam que tanto o cérebro quanto o
corpo sofrem desgaste com o tempo, mas não se sabia ao certo se as mudanças no
cérebro, sono e memória eram sinais distintos do envelhecimento ou se haveria
uma conexão profunda entre eles.
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Mas a pesquisa, feita por cientistas da University of California, Berkeley,
indicam que mudanças que ocorrem no cérebro com a idade prejudicam a qualidade
do sono profundo, o que, por sua vez, diminui a capacidade do cérebro de
aprender e armazenar memória.
Com base nessas conclusões, a equipe pretende agora testar formas de melhorar
o sono para interromper o declínio da memória.
Experimentos
Trabalhando com um grupo de 36 voluntários - metade dos quais com idade em
torno de 20 anos e outra metade com cerca de 70 anos - os especialistas fizeram
uma série de experimentos.
Primeiro, a equipe constatou que era capaz de prever a quantidade de sono
profundo (o chamado sono de ondas lentas) que o participante teria com base nas
condições de preservação de uma região do seu cérebro chamada córtex pré-frontal
médio.
Essa parte do cérebro é essencial para que a pessoa consiga entrar no estágio
de sono profundo, mas com a idade ela tende a se deteriorar.
Em seguida, os especialistas demonstraram que a quantidade de sono profundo
podia ser usada para prever quão bem as pessoas se sairiam em testes de
memória.
Os pacientes jovens, que conseguiam obter sono de boa qualidade em
abundância, tiveram melhor desempenho nos testes do que os participantes mais
velhos, cujo sono tinha qualidade inferior.
Matthew Walk, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, disse à BBC que,
"vista em conjunto, a deterioração do cérebro leva à deterioração do sono que
produz a deterioração da memória (geralmente solidificada na fase de sono REM,
ou de movimentos rápidos dos olhos)".
"O sono de ondas lentas é muito importante para solidificar novas memórias
que você aprendeu recentemente. É como clicar o botão 'salvar' (no computador)",
ele explicou.
A equipe disse não ser capaz de restaurar a região do cérebro desgastada pela
idade, mas espera que algo possa ser feito em relação ao sono.
Por exemplo, é possível melhorar a qualidade do sono estimulando a região
certa do cérebro com eletricidade durante a noite, os especialistas
explicaram.
Estudos demonstraram que essa técnica pode melhorar o desempenho da memória
em jovens. Agora, os pesquisadores querem iniciar testes também com pacientes
mais velhos.
"Você não precisa restaurar as células do cérebro para restaurar o sono",
disse Walker. Ele disse que a técnica é uma forma de fazer o sistema "pegar no
tranco".
Demência
Em pacientes com demência, os sintomas associados à morte das células do
cérebro - como sono ruim e perda de memória - são muito piores do que no
envelhecimento normal.
Alguns estudos sugerem que exista um vínculo entre sono e demência. Um
relatório divulgado na publicação científica Science Translational
Medicine apontou para a possibilidade de que problemas de sono sejam um dos
primeiros sinais do Mal de Alzheimer.
O médico Simon Ridley, da entidade beneficente Alzheimer's Research UK, disse
que são necessários mais estudos para confirmar ou não essa conexão.
"Cada vez mais evidências vinculam alterações no sono a problemas de memória
e demência, mas não está claro se essas mudanças seriam uma causa ou
consequência".
"As pessoas estudadas aqui foram monitoradas por um período muito curto e o
próximo passo poderia ser investigar se a falta de sono de ondas lentas também
pode ser relacionada ao declínio de memória a longo prazo".
Fonte: bbc
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