segunda-feira, 1 de outubro de 2012

DIREITOS HUMANOS

Comissão da Verdade solicitará documentos a embaixadas de outros países

Grupo de Trabalho da “Operação Condor” começou atividades para apurar crimes da ditadura no RS

Comissão da Verdade solicitará documentos a embaixadas de outros países <br /><b>Crédito: </b> Jimmy Azevedo/Especial CP
 
O Grupo de Trabalho (GT) Operação Condor, que vai investigar a cooperação militar de órgãos de inteligência das forças armadas na América do Sul durante as ditaduras militares, recebeu a imprensa neste domingo, em Porto Alegre. Coordenadora do GT, a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha revelou que eles irão apurar todos os arquivos referentes ao período, compreendendo estruturas das forças armadas e ligadas ao Itamaraty. Uma destas é o Ciex (Centro de Informações do Exterior). Conforme Rosa, documentos serão requeridos a embaixadas e consulados de países como Chile, Argentina e Uruguai em território brasileiro. Integrantes da Comissão da Verdade também viajarão para países vizinhos para buscar documentos nas embaixadas do Brasil.

“Pretendemos descobrir o que aconteceu com brasileiros que se refugiaram em outros países. Também já há solicitação de documentos produzidos no Ciex e outros órgãos. O próprio Ministério da Defesa faz uma análise da nossa solicitação sobre o envio de arquivos. Durante a ditadura, as leis não previam a destruição de documentos sem que não fossem produzidas atas e a assinatura dos responsáveis pela autorização ou destruição. Por isso, acreditamos que não houve a eliminação de arquivos”, relatou Rosa Cardoso da Cunha. O GT Condor tem apoio do jornalista gaúcho Luiz Cláudio Cunha, autor do livro "Operação Condor: o Sequestro dos Uruguaios" no qual relata a prisão e sequestro de Universindo Dias e Lilian Celiberti por policiais uruguaios e brasileiros, no final da década de 70, em Porto Alegre.

Conselheiro do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Jair Krischke será o primeiro a ser ouvido pelo GT. Entre as décadas de 70 e 80, o MJDH conseguiu evitar o desaparecimento e a morte de cerca de 2 mil militantes de esquerda na América do Sul. Para ele, a publicidade dos arquivos de órgãos como SNI, Cenimar, Ciex e de outras estruturas que atuaram conjuntamente no monitoramento, prisão, desaparecimento, tortura e morte de pessoas é imprescindível para o esclarecimento de fatos ainda desconhecidos das autoridades. “O Brasil foi responsável pela formação de quadros militares repressivos em todos os países da região, como Argentina, Chile e Uruguai. No Itamaraty, por exemplo, é o embaixador Pio Corrêa que cria o Ciex”, citou Krischke.

O Ciex teve papel fundamental como um serviço de inteligência que monitorava brasileiros fora do país, segundo ele. “Em 1975, quando é formalizada a Operação Condor em uma reunião das forças armadas dos países sulamericanos no Chile, o Brasil envia dois representantes, mas não assina a ata da reunião. Naquela época, o Brasil já havia aniquilado toda a resistência armada, como o caso do Araguaia. A ditadura brasileira operou sutilmente, treinando militares de outros países”, disse.

A Operação Condor é considerada a mais terrível ação cooperativa entre forças armadas para exterminar grupos de resistência a golpes militares. A troca de informações, prisões e assassinatos ocorreram do início de 1970 até 1989, mesmo depois da Lei de Anistia (1979) e do fim do Regime Militar brasileiro (1985). Estimativas dão conta de que pelo menos 10 mil pessoas desapareceram ou foram assassinadas por militares brasileiros, chilenos, uruguaios, argentinos, bolivianos e paraguaios. Nesta segunda-feira, a advogada Rosa Cardoso terá reunião com a Comissão da Verdade gaúcha e com familiares de vítimas da Operação Condor.

Fonte: CPC

SEGURANÇA PÚBLICA

Polícia Civil deflagra operação contra furto e roubo de veículos em Canoas

Investigação sobre organização criminosa durou cinco meses e apontou ao menos 40 suspeitos

A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta segunda-feira, operação contra o roubo e o furto de veículos em Canoas e em Porto Alegre. A ação tem o objetivo de desarticular uma quadrilha responsável por esse tipo de crime e que conta com pelo menos 40 integrantes.

Cerca de 250 policiais devem cumprir 46 mandados de busca e apreensão e 19 de prisão. Dez pessoas já foram presas na ofensiva nomeada como "Operação Classe A". Entre elas está o líder do grupo.

Segundo a investigação, que durou cinco meses, os suspeitos exerciam funções bem delimitadas no grupo. Existiam aqueles que atuavam com a tarefa de furtar ou roubar veículos sob encomenda. Outros pegavam os carros após serem "esfriados". A maioria dos crimes ocorria em Canoas, mas em algumas ocasiões a quadrilha buscava veículos de luxo em Porto Alegre.

Uma terceira parte da organização era responsável por clonar carros, enquanto outros levavam os carros para Santa Catarina para serem vendidos por preços que variam de R$ 1,5 mil a R$ 4 mil. Conforme os dados da Polícia Civil, a quadrilha já teria roubado 150 veículos.
Fonte: CPC

ERIC HOBSBAWN

Historiador Eric Hobsbawn morre aos 95 anos em Londres
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Morreu na manhã desta segunda-feira aos 95 anos o historiador britânico Eric Hobsbawn, após uma longa pneumonia que o manteve internado por meses em Londres.
A informação foi confirmada pela filha do historiador, Julia. Hobsbawn morreu às 6h locais (3h em Brasília) no hospital Royal Free, na capital britânica.
"Ele será uma grande perda não só para sua esposa Marlene, seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também para milhares de leitores e estudantes em todo o mundo", informou um comunicado feito pela família.

Eric Hobsbawn

Tuca Vieira - 1º.ago.03/Folhapress
O historiador inglês Eric Hobsbawm durante palestra na primeira edição da Flip, em 2003
Uma das principais referências no estudo da história no século 20, o autor publicou mais de 30 livros, incluídos "História do Século 20 --de 1914 a 1991", "Guerra e Paz no século 20" e "A Era dos Extremos".
Seu último livro foi "Como Mudar o Mundo", publicado em 2011.
Filho de judeus, o historiador nasceu em 1917 em Alexandria, no Egito, na época em que o país árabe era uma colônia britânica.
Aos dois anos, mudou-se para Berlim e em 1933 para Londres, com o aumento do poder de Adolf Hitler na Alemanha.
Hobsbawn também era conhecido por sua relação com a esquerda. Em 1936, entrou no Partido Comunista inglês, do qual foi membro durante décadas até se desiludir com a União Soviética após a invasão à Hungria, em 1956.
Fonte: Folha