segunda-feira, 25 de junho de 2012

GREVE NO GOVERNO FEDERAL


 


 
Depois de seis dias da convocação para a greve geral do funcionalismo, a maior parte dos órgãos federais continua funcionando normalmente. Dos 37 ministérios que compõem a administração federal, apenas seis foram afetados pela paralisação dos servidores: Saúde, Previdência, Trabalho, Justiça, Relações Exteriores e Desenvolvimento Agrário (MDA). Diante da baixa adesão do Executivo, os funcionários do Judiciário recuaram da paralisação por tempo indeterminado, amplamente alardeada para a última quinta-feira. Em vez disso, a categoria optou por uma greve de 48 horas, na semana que vem. Ao mesmo tempo, o governo joga duro na mesa de negociação sem ter apresentado nenhuma proposta concreta até o momento.

Nem mesmo os professores das universidades federais, os primeiros a entrar em greve, tiveram avanço na discussão com o Ministério do Planejamento, encarregado das negociações. O máximo que eles conseguiram foi o agendamento de uma reunião, mas que acabou cancelada na última hora sem que tenha sido marcada uma nova data para o encontro. Quanto mais o tempo passa, maior é o temor por parte dos sindicalistas de que a presidente Dilma Rousseff esteja vencendo a queda de braço nessa campanha salarial. No discurso, as lideranças dos trabalhadores asseguram que até o fim do mês a greve terá se espalhado por todo o funcionalismo, em efeito cascata.


“Quando se fala de uma greve geral, é preciso entender que estamos lidando com uma categoria muito heterogênea, com ritmos diferenciados para cada carreira”, sustentou Paulo Barela, secretário executivo da Central Sindical Conlutas. Ele ressaltou que a mobilização de 2012 já é a maior realizada pelos servidores desde 2003 e que contou, inclusive, com adesão de setores que nunca antes haviam entrado em greve, como é o caso dos diplomatas. “Além disso, para a semana que vem, há expectativa de que trabalhadores da Receita e do Banco Central cruzem os braços”, acrescentou.


Prazo-limite

Na avaliação de Antônio Augusto de Queiroz, analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), é preciso distinguir os grevistas em dois grupos: os que lutam por reajuste neste ano e os que almejam que a correção seja incluída no Orçamento de 2013. “A chance de sucesso das mobilizações por correção salarial até o fim do ano é praticamente zero, pois não há previsão orçamentária para cobrir a despesa adicional”, explicou. Os servidores do segundo grupo lutam contra o tempo: eles precisam de uma resposta do governo até o fim de julho.

Esse é o prazo-limite para garantir que haverá tempo hábil de incluir as correções na proposta orçamentária do ano que vem, que deve ser votada no Congresso até 31 de agosto. “Se não houver resposta do governo, a tendência é de o movimento ganhar intensidade nas últimas semanas de julho”, ponderou Queiroz. Essa seria a última cartada dos sindicalistas, ante a iminência de esgotamento do prazo. Parte dos líderes sindicais está preocupada ainda com a chegada das férias escolares, que pode atrapalhar a convocação em massa de servidores para as ruas. Assim, para o governo, por quanto mais tempo forem postergadas as reuniões, maior será a margem de manobra na mesa de negociação.
Texto extraído de: Correio Braziliense

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